“O início do tratamento, a prevenção e a luta contra o câncer começam na cozinha”. Abordando a relação entre alimentação e saúde, o nutricionista Daniel Cady falou para pacientes, familiares, médicos, enfermeiros e demais profissionais da assistência multidisciplinar. Ele foi palestrante do Fórum Rosa: A Saúde da Mulher em Foco, realizado na noite desta terça-feira (25) como parte das atividades do Outubro Rosa da AMO. Reunindo especialistas de diversas áreas, o fórum teve transmissão ao vivo pelo Youtube e pode ser visto no link: encurtador.com.br/fvy17 .
Na sequência da fala da colega Clara Dias, o nutricionista Daniel Cady destacou que, ao preparar as refeições, há a oportunidade de incorporar à dieta alimentos que vão fazer bem ou mal à saúde e que a “vida corrida” acaba contribuindo para as opções mais rápidas e menos saudáveis. “Descasque mais e desembale menos”, aconselhou o nutricionista, completando que não é necessário radicalismo, mas que é possível lançar mão de alternativas para aproximar a teoria da prática e promover saúde.
O poder de alimentos e bebidas que são objetos de estudo foi comentado por Cady, que citou benefícios da cúrcuma, alho, cebola, chá verde, pescados, brócolis, repolho, mel e chocolate, entre outros. O nutricionista deu dicas de combinações e temperos para o dia a dia e recomendou a substituição de frituras por grelhados, redução do açúcar e de alimentos processados e embutidos. Também referendou exercícios físicos, combate ao estresse e ao sedentarismo e redução de bebidas alcoólicas.
Informação e novidades no tratamento
O Fórum Rosa foi mediado pelo mastologista Ezio Novais, um dos coordenadores da Mastologia da AMO. Ao abrir a atividade, relembrou o surgimento do Outubro Rosa, em 1991, nos Estados Unidos e a adesão do Brasil, a partir de 2002. O médico comentou a evolução das campanhas e reafirmou que o objetivo do fórum era desmistificar conceitos e falar sobre o câncer de mama de forma clara e precisa. “A informação é a arma mais importante no processo de prevenção e diagnóstico precoce”, diz Ezio Novais, que já presidiu a Sociedade Mundial de Mastologia.
Os impactos da pandemia no diagnóstico precoce foram abordados pelo presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Mastologia, Marcos Nolasco, que divide com Ezio Novais e coordenação da mastologia da AMO – integrante da Dasa juntamente com Image, Leme e Hospital da Bahia.
Marcos Nolasco confirmou os prejuízos da pandemia para o diagnóstico precoce do câncer de mama e reafirmou que a mamografia é o fator de prevenção secundária mais importante entre mulheres assintomáticas. “Em 2019, nas redes pública e privada, o Brasil fez mamografia em 12% das pacientes elegíveis, quando o ideal seria 70%. 2020 foi um ano quase sem mamografias preventivas e, em 2021, chegamos à metade dos números de 2019”, comparou, pontuando que as estimativas da Sociedade Brasileira de Mastologia indicam que 2022 alcançará o patamar de 2019.
As radiologistas Cecília Gnoatto e Rafaela Argones falaram sobre políticas de rastreamento, recomendações do Colégio Brasileiro de Radiologia com relação a idade e frequência dos exames e indicação da ressonância magnética no diagnóstico. O oncogeneticista Henrique Galvão, gerente médico da Dasa Genômica, falou por videoconferência sobre indicações para o teste genético, que extrai informações do DNA de células saudáveis, e esclareceu sobre o teste genômico, que oferece informações detalhadas sobre o tipo do câncer e seu perfil de resposta aos tratamentos.
Coordenador médico da SIM – Serviços Integrados em Medicina, o mastologista Sérgio Calmon abordou técnicas cirúrgicas para câncer de mama e avanços da oncoplastia. Quimioterapias menos agressivas, imunoterapia, redução de efeitos colaterais, melhor resposta do paciente aos tratamentos, promoção da qualidade de vida e importância do acolhimento por parte da equipe assistencial foram temas das oncologistas Mayana Lopes e Vanessa Dybal.
Encerrando a apresentação, a oncologista Aknar Calabrich falou sobre recente publicação da revista americana Journal of the National Cancer Institute, que relaciona uso de produtos químicos para alisamento de cabelo a maior risco para câncer uterino. O estudo observou 35 mil mulheres de 35 a 74 anos e fez o seguimento por 11 anos. “Fica o alerta sobre tratamentos químicos para alisamento, sobretudo o uso precoce por parte de crianças e adolescentes. Foi apontado um risco 2,5 vezes maior para mulheres que faziam quatro alisamentos por ano e um risco aumentado também para o uso esporádico”, diz, acrescentando que não está determinado que quem usa os produtos vai ter câncer, pois há outros fatores envolvidos, mas este é um sinal de alerta importante.