De olho no intestino: mudanças podem indicar doenças inflamatórias

Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn são as duas principais formas de Doenças Inflamatórias Intestinais, que acometem cerca de 10 milhões de pessoas no mundo; não têm cura, mas podem ser melhor controladas se diagnosticadas e tratadas precocemente

Com incidência crescente, a Doença Inflamatória Intestinal (DII) atinge 10 milhões de pessoas no mundo, segundo o Ministério da Saúde. Os dois principais tipos, a Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Doença de Crohn (DC), reduzem a qualidade de vida do paciente, aumentam a incapacidade e sobrecarregam o sistema de saúde. Apesar de não haver cura, o diagnóstico precoce e o tratamento especializado permitem o controle, evitando complicações, como hospitalização, cirurgias e até mesmo o câncer de intestino.

Como destaca o gastroenterologista Bruno César da Silva, da Clínica AMO, “o diagnóstico precoce continua sendo um grande desafio, uma vez que as DIIs apresentam sintomas comuns a outras doenças, como diarreia, cólica abdominal, às vezes, febre e sangramento retal”. No Brasil, a DC e a RCU afetam entre 12 e 55 indivíduos em cada 100 mil habitantes, conforme Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Durante a campanha Maio Roxo e o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (19 de maio), especialistas reforçam o alerta sobre as DIIs.

A Doença de Crohn é uma inflamação do trato gastrointestinal e afeta, predominantemente, a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), podendo estar presente em qualquer parte do trato gastrointestinal. A Retocolite Ulcerativa é uma doença do cólon, intestino grosso, que se caracteriza por inflamação e ulceração da camada mais superficial do cólon. A colite ulcerativa pode afetar apenas a parte inferior do cólon, reto e é, então, chamada de proctite ulcerativa.

“Apesar de o câncer de intestino ser uma possível complicação da DII, principalmente no caso de pacientes com Retocolite Ulcerativa, o controle rigoroso do processo inflamatório pode reduzir essa chance para níveis semelhantes aos da população normal”, esclarece o gastroenterologista da AMO, que pertence à Dasa – maior rede de saúde integrada do país. Sem causa exata conhecida (acredita-se que seja multifatorial), a DII acomete igualmente homens e mulheres, com predominância entre jovens, sendo diagnosticada normalmente antes dos 30 anos.

Sintomas X diagnóstico X tratamento

O fato de alguns sintomas, como a diarreia, serem comuns às duas doenças e estarem presentes em outras patologias, pode gerar atraso no diagnóstico. Na investigação, são indicados diversos exames, incluindo colonoscopia, ultrassonografia, exames de sangue (com marcadores sorológicos e moleculares), tomografia computadorizada e ressonância magnética, entre outros, como enumera o gastroenterologista.

Na Retocolite Ulcerativa, que se caracteriza pela inflamação da mucosa do cólon e do reto, os primeiros sinais podem ser evacuações diarreicas com sangue, desejo urgente de evacuar e dor abdominal. A diarreia pode aparecer lentamente ou surgir de maneira súbita, podendo haver também manifestações extraintestinais, tais como dores articulares e lesões na pele.

No caso da Doença de Crohn, dor abdominal, diarreia e perda de peso são os sintomas mais frequentes. “A doença pode envolver qualquer porção do trato gastrointestinal, desde a cavidade oral até o ânus. Pode haver manifestações na região anal, como fissuras, fístulas e abscessos”, enumera o gastroenterologista Bruno César da Silva, que tem trabalhos dedicados às DIIs.

O tratamento requer acompanhamento especializado e, de um modo geral, os medicamentos disponíveis controlam os sintomas, podendo também melhorar a inflamação e cicatrizar a mucosa intestinal. Mudanças nos hábitos alimentares e estilo de vida, incluindo a prática de atividades físicas, combate ao fumo e à obesidade, também fazem parte das estratégias.

A cirurgia é indicada na falta de resposta do tratamento clínico ou diante de complicações, como obstrução e perfuração intestinal, fístulas, abcessos ou até mesmo câncer.

Leia também

De olho no intestino: mudanças podem indicar doenças inflamatórias

Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn são as duas principais formas de Doenças Inflamatórias Intestinais, que acometem cerca de 10 milhões de pessoas no mundo; não têm cura, mas podem ser melhor controladas se diagnosticadas e tratadas precocemente

Pesquisa mostra que 89% das pessoas fazem automedicação no Brasil

No Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos – 5 de maio – especialistas alertam para riscos do uso indiscriminado, o que pode ser irreversível e até levar à morte; pacientes em tratamento contra o câncer precisam de maior atenção

Por que o câncer está cada vez mais presente entre os jovens?

Pesquisas contrariam relação entre câncer e idade avançada e a doença tem sido diagnosticada com mais frequência em pacientes abaixo dos 50 anos ou menos; maior número de mortes precoces também é apontado em estudos

Remada alerta para a importância de práticas saudáveis como fator de prevenção

Pacientes, familiares, médicos e profissionais da assistência se uniram para remar em canoa havaiana na Praia da Preguiça e incentivar atividades físicas em prol da saúde

Câncer de intestino tem aumento de incidência entre mulheres

Estudos e projeções do Inca também apontam elevação do número de mortes prematuras pela doença, o que reforça a importância da prevenção e diagnóstico precoce dentro da campanha Março Azul-Marinho

Acreditação garante qualidade e segurança a pacientes oncológicos

As dez unidades da AMO presentes na Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte obtiveram nota máxima no processo de acreditação da ONA, após rigoroso processo de avaliação com critérios internacionais